quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Sentimentos, Gostos e Decisões

Escola do Ensino Básico – 3º Ciclo. Aula de Formação Cívica. Sessão X de Educação para a Saúde e Sexualidade. A actividade proposta consistiu na projecção de uma sequência de dez imagens de rostos humanos (previamente seleccionadas) às quais os alunos tiveram de reagir identificando verbalmente a emoção associada.
A discussão instalou-se de imediato. Alegria. Coragem. Raiva. Felicidade. Amor…. Medo. Uma a uma, com espontaneidade ou no meio de hesitações lá foram sendo atiradas as palavras que eu, entusiasmada com a adesão dos miúdos, fui escrevendo no quadro da sala de aula.
- Oh professora, mas eu não concordo!
- Porque é que aquela é medo e não é raiva?
- Como é que sabemos?
E foi assim que o grupo chegou à conclusão que “ler” os sentimentos dos outros é tarefa difícil, mas pode ser aprendida e aperfeiçoada.

"À capacidade de ler os afectos nos outros chamamos literacia emocional, e devia ser uma capacidade tão presente e desenvolvida em cada um de nós como a de ler, escrever e contar. (...) Hoje, grande parte dos problemas que enfrentamos têm como base uma profunda iliteracia emocional, isto é, uma incapacidade de ler e respeitar o mundo emocional dos outros... A causa? A incapacidade de muitos adultos de se lerem a eles próprios em sociedades que investem profundamente no exterior esquecendo o interior, desprezam os sentimentos achando-os um entrave ao pensamento (quando são a sua base), não compreendem as ligações da parte física à psíquica, ignoram a importância do bem-estar individual para o social e não criam espaços de aprendizagem e trabalho saudáveis e criativos."
Pedro Strecht. (2004). Quero-te Muito. Crónicas para Pais sobre Filhos. Lisboa: Assírio & Alvim.


A literacia emocional de que Pedro Strecht fala faz-me pensar em muitas outras situações, em tantos outros contextos. As emoções tanto nos podem dominar, como fazer-nos felizes, tanto podem iluminar a nossa existência, como torná-la obscura e insuportável.
Como já referi anteriormente, somos pouco dotados no que se refere ao plano emocional. A nós, agora adultos, não nos ensinaram na escola o que são as emoções, como funcionam, como nos influenciam, como interferem nas nossas relações com os outros.

Dá que pensar, não dá?


Sem comentários:

Enviar um comentário